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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

CIDADE SEM SENTIDO(S) - Soneto de nove sílabas métricas


Se a Cidade contasse os segredos
Das janelas fechadas dos dias
Quantos rostos e mãos não verias
Nas cortinas já gastas dos medos,

Quantos corpos em estranhos folguedos,
Quantas camas desfeitas, já frias,
Quantas mesas de pinho vazias
De uns pedaços de pão, mesmo azêdos?

Se a Cidade pudesse falar
E se erguida do chão, a gritar,
Rebentasse em protesto incontido

Levantando o seu punho no ar...
[... ah, Cidade que eu tento inventar,
nem eu própria sei dar-te um sentido!]





Maria João Brito de Sousa - 05.10.2011 - 15.03h



Imagem retirada da Internet, via Google

6 comentários:

rosa-branca disse...

Lindo soneto minha amiga. Adorei. Beijos com carinho

Maria João Brito de Sousa disse...

Obrigada, Rosa-branca!
Enorme abraço!

Eduardo Miguel Pereira disse...

Uma imagem perfeita do desalinho da Cidade, da sua impessoalidade, e da sua frieza.

E o contrário, precisamente o contrário, no seu post anterior, quando retratou o Alentejo.

Duas realidades que conheço bem, uma (a cidade) da qual me quero livrar o quanto antes, a outra (o Alentejo) para onde quero regressar logo que a minha "missão" esteja cumprida.

Belíssimos nacos de poesia que aqui nos deixa. Gostei, muito, e fiquei.

Maria João Brito de Sousa disse...

Obrigada, Eduardo Miguel Pereira :)
A diferença formal entre estes dois sonetos, para além da diferença que cada um pode descobrir no conteúdo, é que o primeiro, dedicado ao Alentejo, é escrito em versos decassilábicos heróicos e este em versos de nove sílabas métricas.
Um abraço!

Conceição Bernardino disse...

Olá Maria João é um prazer estar aqui no teu cantinho a ler boa poesia.

Beijo e obrigada pela partilha

Maria João Brito de Sousa disse...

Obrigada, Conceição Bernardino!
Abraço grande!