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domingo, 21 de agosto de 2011

O ELOGIO DO MÉTODO




Minh`alma é toda feita da inocência

De eternas e selvagens rebeldias

Nos pontuais arbustos de impaciência

Que florescem nas margens dos meus dias



Cultivo, sem cessar, inteligência,

Privilegio sempre as harmonias

E procuro entender – venero a ciência –

Os frutos que colher por estas vias



Quando algo me transcende, eu não desisto

E guardo pr`a mais tarde o nunca visto

No baú dos meus sonhos de menina



Mais tarde, posso, ou não, achar respostas

[se as coisas forem sendo assim dispostas

no tempo a que esta vida nos confina…]







Maria João Brito de Sousa – 21.08.2011 – 15.18h

sábado, 13 de agosto de 2011

A CADA DIA A SUA ETERNIDADE


Já mal recordo as águas, muito claras,
Das nascentes das serras percorridas
Sobre penhascos, sobre duras fragas,
Em cada passo gasto nas subidas

Já quase nem relembro as madrugadas
De todo o começar de tantas vidas,
Porque ato, a cada verso, estas amarras
Às colunas do cais de outras partidas

Mas, à noitinha, é como se tambores
Semeassem no ar todas as cores
Num reboar de notas sincopadas!

Dormindo, eu que sou “tu” e tanta gente,
Que não tenho passado, nem presente,
Adivinho o porvir destas passadas …



Maria João Brito de Sousa

terça-feira, 9 de agosto de 2011

PASSA POR LÁ UM RIO...



Passa por lá um rio feito de anseios,

De águas mansas, serenas, cristalinas,

Visitado por aves que, em gorjeios,

Vêm beijar as flores mais pequeninas,



Um córrego onde posso, sem receios,

Banhar-me como todas as meninas…

Minh`alma, pouco dada a devaneios,

É nele que encontra aspirações divinas…



Passaram tantos rios e só naquele

Soube o que era sentir, à flor da pele,

A estranha glória de não ter idade



O rio passou e eu já passei com ele

Mas nunca o esquecerei porque foi nele

Que achei, purinha, a minha identidade...







Maria João Brito de Sousa – 05.08.2011 – 15.13h

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

QUE POSSO EU?


Que posso contra a força da consciência

Se ela me eleva a mão, me exalta a voz,

Se se me impõe além do que é prudência

E lança ao mar na casca de uma noz?



Eu nada posso, ó clara transparência,

E entrego-te este leme quando, a sós,

Confio – quem o sabe? – na clemência

Daqueles que chegarão depois de nós…



Se pedes muito mais que o evidente,

Se assim vais empurrando, sempre em frente,

A vaga das palavras que aqui escrevo,



Se, estando em mim, tu és de tanta gente…

Como posso negar-te o meu presente

Que lega no futuro o sal que eu devo?










Maria João Brito de Sousa – 03.08.2011 – 20.18h