Sobram-lhe as migalhas dessoutra fartura
Que o sistema cria, que o cinismo inventa,
Do pouco que fia mas que o não sustenta
Porque se alimenta só de “dita”… e “dura”
Sobejam-lhe as rendas da falsa candura
Que, qual maré alta, num crescendo, aumenta
Pr`adornar uns quantos, porque a “plebe” aguenta
Tais desequilíbrios desta arquitectura…
Se contra mim falo porque uma injustiça
Tudo o que não calo foi trazendo à liça
Quando nada faço, tão pouco produzo
E levanto o punho como se o fizesse…
Mais saudável fora, mais força eu tivesse,
Mais protestaria contra aqueles que acuso!
Maria João Brito de Sousa – 02.08.2012 – 15.58h
IMAGEM - Blind Man`s Meal - Pablo Picasso, 1903
NOTA DA AUTORA -
Este soneto tem um erro
métrico. O último verso "Mais protestaria contra aqueles que acuso!" tem
doze e não onze sílabas poéticas. Deixo-o tal como está pois, na
leitura, o erro é imperceptível e até contribui para a unidade melódica
do poema, mas NÃO está correcto
9 comentários:
Brilhante.
Os meus parabéns, querida amiga.
Beijo.
Obrigada, Nilson!
Abraço grande!
Maravilhoso soneto que aplaudo de pé. Beijos com carinho
Ignorei a nota
Ao ler (tudo que leio)
Quase sempre
Tenho presente
Palavras de Chico Buarque:
Escrevo o que escrevo
Prosa ou verso
E a coisa só carece emenda
se ao ler não soar
como ouvindo alguém a cantar
Teu soneto se canta
Li-o em voz alta
:D Muito obrigada, Rogério! Foi exactamente pela musicalidade que eu deixei lá ficar o erro métrico!
Abraço grande!
Obrigada, Rosa Branca! Beijinho! :D
:) Muito obrigada, Puma! Abraço!
Saberás que há pedras brancas na ilha
Que a raiva é cegueira à maravilha
O mar às vezes se veste de maresia
Que um amor no amar confia?
Saberás que às vezes escondo o coração à crueldade do mundo
Que o que outrora desejava agora receio
Que a minha desesperada mente combate a tua
Que a ternura às vezes morre ao meio da rua
Boa semana
Doce beijo
Muito obrigada, Profeta, por ter trazido um pouco da sua poesia até ao meu Pequenas Utopias.
Um abraço!
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