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terça-feira, 4 de setembro de 2012

METÁFORA - O Manifesto


Eu digo-te
que o sol floresce limpo
sobre o estrume das aparências
e que as palavras são casas nas cidades da voz

digo-te
que as ruas são mãos a repousar,
que as coisas de pedra são canções
e que as canções são luas, de tão brancas…

dir-te-ei,
vez por outra,
que as plantas são mulheres e homens
cansados da colheita improvável,
que os dias – todos eles –
são movimento,
que as noites são o esconderijo
dos sonhos à espera de acordar
e que os muros são pontes entre agora e depois

falar-te-ei de passos sem distância,
de espaços sem medida,
de memórias sem tempo
e de gente sem medo de morrer,
mas jamais me ouvirás falar da renúncia
enquanto o murmúrio me for permitido
na cidade da voz libertada

Também a metáfora se come, se bebe
e não sabe render-se enquanto viva 



Maria João Brito de Sousa – 03.09.2012 – 18.12h


Imagem retirada do site do jornal "Avante!" - Guernica - Pablo Picasso 1937

7 comentários:

O Puma disse...

Que vivam as meráforas

vivas

Maria João Brito de Sousa disse...

Obrigada, Puma! :)

Mar Arável disse...

Não sabe render-se

e já é tanto

Mar Arável disse...

Não sabe render-se

e já é tanto

Maria João Brito de Sousa disse...

Um abraço grande, grande, Mar Arável!

Maria Luisa Adães disse...

Te encontrei em "Mar Arável" e vim
e há tanto que te procuro nos
"7degraus" e tu também me procuras,
eu sei e sinto, mas te quero encontrar e à tua forma de escrever
que tanto gosto.

Beijo,

Mª. luísa

Maria João Brito de Sousa disse...

Comentei o teu "Acabou" directamente no Facebook, mas estive a lê-lo no Os 7Degraus... nem imaginas como anda a minha ligação... há momentos em que tenho de a reiniciar cinca, seis, sete vezes antes de deixar um simples comentário... e vai-se logo a seguir!

Obrigada, Maria Luísa, e um grande abraço para ti!