Eu digo-te
que o sol floresce limpo
sobre o estrume das aparências
e que as palavras são casas nas
cidades da voz
digo-te
que as ruas são mãos a repousar,
que as coisas de pedra são canções
e que as canções são luas, de tão
brancas…
dir-te-ei,
vez por outra,
que as plantas são mulheres e homens
cansados da colheita improvável,
que os dias – todos eles –
são movimento,
que as noites são o esconderijo
dos sonhos à espera de acordar
e que os muros são pontes entre agora
e depois
falar-te-ei de passos sem distância,
de espaços sem medida,
de memórias sem tempo
e de gente sem medo de morrer,
mas jamais me ouvirás falar da
renúncia
enquanto o murmúrio me for permitido
na cidade da voz libertada
Também a metáfora se come, se bebe
e não sabe render-se enquanto viva
Maria João Brito de Sousa –
03.09.2012 – 18.12h
Imagem retirada do site do jornal "Avante!" - Guernica - Pablo Picasso 1937
7 comentários:
Que vivam as meráforas
vivas
Obrigada, Puma! :)
Não sabe render-se
e já é tanto
Não sabe render-se
e já é tanto
Um abraço grande, grande, Mar Arável!
Te encontrei em "Mar Arável" e vim
e há tanto que te procuro nos
"7degraus" e tu também me procuras,
eu sei e sinto, mas te quero encontrar e à tua forma de escrever
que tanto gosto.
Beijo,
Mª. luísa
Comentei o teu "Acabou" directamente no Facebook, mas estive a lê-lo no Os 7Degraus... nem imaginas como anda a minha ligação... há momentos em que tenho de a reiniciar cinca, seis, sete vezes antes de deixar um simples comentário... e vai-se logo a seguir!
Obrigada, Maria Luísa, e um grande abraço para ti!
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