(Soneto em decassílabo heróico)
Num traço, redesenho este universo
Ao meu jeito de bicho inacabado
Mas travaram-me o traço mal esboçado
Como a mentira entrava o polo inverso…
Do que me sobra, culminando em verso,
Retiro, peça a peça, este legado
Que aqui sirvo, bocado por bocado,
Na refeição comum de um tempo
adverso…
Assim, do ousado rumo em que me
invento,
Eu cobro, à Poesia, esse sustento
Das horas de ser carne e sangue e
sonho
E mais vos não sei dar, nem tenho
alento
Pr`a obra que me exija mais talento
Do que em tão estranho gesto agora
ponho…
Maria João Brito de Sousa –
04.02.2013 – 19.25h
IMAGEM – Fotografia de Manuel Ribeiro
de Pavia, nome artístico do artista plástico alentejano, Manuel Ribeiro, tirada
por António Pedro Brito de Sousa, meu pai.
21 comentários:
Fosse a história escrita em verso
e este poema seria um documento
deste nosso tempo (e será)
Obrigada, Rogério!
Desculpa-me as ausências mas não estou mesmo nada bem e ainda hoje terei de voltar ao hospital. Não consigo ficar concentrada mais do que uns minutinhos no que leio e escrevo...
Abraço grande!
Já aqui deixei expressa a minha admiração pela inequívoca qualidade que sobressai dos textos.
Agora, deixo a minha solidariedade relativamente à causa que está na base deste soneto.
Não pude deixar de ler a sua resposta ao Rogério, pelo que, deixo votos de uma rápida recuperação.
Um beijinho
Obrigada, Lídia!
Ainda não me sinto nada bem mas acredito ainda poder vir a retomar o meu ritmo de publicação, respostas e leituras...
Beijo!
Desejo-lhe rápida recuperação, Maria João. Fiquei preocupado ao sabê-la doente. Um abraço
Auzendo
Muito obrigada, amigo Auzendo.
Tenho doença degenerativa crónica e, neste momento, as coisas complicaram-se muito ao nível das tensões arteriais... e não posso mesmo "abusar" porque, ao mais pequeno esforço, elas disparam para valores altíssimos...
O meu abraço!
Talento não te falta.
Este soneto é mesmo excelente.
Parabéns pela qualidade do que escreves.
Maria João, querida amiga, tem um bom fim de semana.
Um abraço.
Olá, Maria João. Venho aqui regalar-me com mais um óptimo soneto. Tema pertinente envolto por ricos adornos. Parabéns.
felizmente que ainda existem artistas e poetas com os pés na terra.
e as mãos moldando o barro da vida.
belo momento de poesia.
beijo
Olá Maria João
Como calculará, não fazia ideia do que me diz sobre a sua saúde...Acho que nem faço ainda.
Bem gostaria, agora, de lhe falar deste seu soneto, mas dizer o quê que não tenha já sido dito? Vou "chatear" o seu amigo Rogério Pereira: mesmo não sendo a história escrita em verso, este seu poema será um documento deste nosso tempo adverso.
E, eu sim, mais não sei dizer, nem tenho talento.
Auzendo
Obrigada, Nilson!
Um abraço grande enquanto aí não dou um pulinho :)
Esta é a arte e o engenho
de fazer do grito a própria ave
e à palavra dar a vida e o empenho.
Obrigada, Maria João, por ser poeta e me dar o privilégio de a ler.
Um beijinho e os votos de rápidas melhoras.
Obrigada e o meu abraço, Luís Santos!
Obrigada e um abraço grande, Heretico :)
Muito obrigada, amigo Auzendo. Já me começava a habituar às dificuldades na locomoção mas é um pouco mais difícil habituarmo-nos a estas tensões muito altas quando elas não cedem à forte medicação que fazemos há anos. Só espero que seja uma crise e que em breve possa retomar o meu ritmo nas publicações.
Um abraço grande!
Muito obrigada, Maria João, por essa frase tão bonita e tão cheia de vida :)
Um grande beijinho!
Poesia ao vivo
Belíssimo
Mª. joão
Poema de grande qualidade.
Te felicito!
Mª. Luísa
Esqueci-me de dizer e com muito gosto por o fazer :
Classissismo puro!
Amei!
Mª. Luísa
Obrigada, Maria Luísa, por ambos os comentários!
Vou tentar, ainda hoje, trazer até cá aquele auto-retrato meio carnavalesco... mas está tudo tão instável - da tensão arterial à ligação... - que não posso prometer nada... cada separador leva imenso tempo a abrir e toda a imagem começa a tremer...
Abraço grande!
Grata, Mar Arável!
Vou pedindo desculpa pelo atraso... as condições físicas pioraram sensivelmente e estive mais de três dias sem computador... não me está a ser muito fácil encontrar os vossos comentários nestas "apinhadas" caixas de correio electrónico...
Abraço!
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