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domingo, 17 de fevereiro de 2013

POETA, 2013

(Lembrando o poema Poeta, 1951, de António de Sousa - in "Linha de Terra", Editorial Inquérito, 1951- seguido de transcrição da parte final do texto "Esboço Impressionista do Perfil do Poeta", de Natália Correia, in "A Ilha de Sam Nunca")


Deixai-o lá, glosando ao seu destino
Os motes de quem foi, de quem não foi,
Que a ferrugem salina que o corrói
Como a todo o punhal  de gume fino

Oxida-se a si mesma e nem lhe dói
Estocada que alguém esgrima em desatino
No espólio em que se traça homem-menino
Num espanto que o desmente e que o constrói...

Deixai-o desfolhar-se à beira-pranto
Onde a mãe-lua, um dia, há-de ir buscá-lo
Pr`ó guardar em discreto e suave encanto

Não vá um deus avulso ousar tocá-lo
Jurando, a todos vós, que ele era um santo
E, depois, sem remorso, atraiçoá-lo...



Maria João Brito de Sousa -  11.02.2013 - 11, 35h


"Impressionante identidade do homem e do seu discurso poético. Um insulado pela fantasia lunar irremediavelmente praticada num coexistir que a marginaliza............ A brincar a Robinson Crusoé da Ilha Deserta onde é possível recomeçar o mundo com mãos imaculadas Assim me apareceu. Assim o li nos versos que escreveu, nas ondas que perfeitamente naufragou para adquirir a pureza de sonhar sem a grilheta dos êxitos que atam os triunfantes ao compromisso de serem esplêndidos"  N. C.


NOTA -  Soneto ligeiramente reformulado em relação à sua primeira publicação, directamente nas minhas notas do Facebook.

8 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Obrigado, a tua sensibilidade
é sempre garantia de boas escolhas
e merecidas divulgações. Este eu não conhecia...

Maria João Brito de Sousa disse...

Abraço grande, Rogério!

Este já foi publicado no Facebook, antes de o reformular ligeiramente e o publicar aqui... juraria ter-te identificado nele... mas já pouco confio no que eu própria faço, ultimamente. Neste momento estou a conseguir ler o que escrevo mas porque o ecrã me deu uns minutos de descanso... normalmente nem consigo ler o que me enviam ou o que estou a digitar... mas pode ser que, com o uso, o monitor venha a estabilizar a imagem...

ONG ALERTA disse...

Obrigada por dividir...
Beijo Lisette.

Maria João Brito de Sousa disse...

Beijo e obrigada por ler e comentar, Lisete!

Manuel Veiga disse...

quem sai aos seus? assim parece...

amorável soneto.

beijo

Maria João Brito de Sousa disse...

Obrigada, Heretico!

Vou já até aí!

Lídia Borges disse...


Abandonado à sua sorte, o poeta!
"Desfolhado à beira-pranto"

Muito belo!


Um beijo

Maria João Brito de Sousa disse...

Beijo e obrigada, Lídia!

Estou praticamente sem ver as letras que tremem, no ecrã, como se fossem gelatina... mas vou tentar ir ver se consigo ler alguma coisa na Seara!