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sábado, 30 de junho de 2012

REMATANDO... COM NÓ(S)



Baixa a maré que, aos poucos, se despede
Dos versos do tecido inacabado
E já sente a poeta o véu pesado
Do estranhíssimo espólio em que se mede

Vê tanto, tanto mar, que nem percebe
Se atingiu essa praia onde o legado
Virá, ou não, a ser quantificado
Na produção poética da “rede”…

Baixa naturalmente e vai parando
Até que um dia, não se sabe quando,
Não mais possa nascer um verso seu

Depois… depois, os versos feitos voz,
Que aceitem que um remate é dado em nós,
Talvez possam lembrar quem os teceu…




Maria João Brito de Sousa – 29.06.2012 – 17.23h

terça-feira, 19 de junho de 2012

SONETO IMPUBLICÁVEL


Aperta o cerco, amigo, aperta o cerco
Da segurança pouco solidária
De que dependo sendo solitária,
Em que me ganho, amigo, em que me perco…

Se entendem que um poema é mero esterco
Que lhes perturba orgulho e pituitária,
É porque vão temendo a Pasionária
Que possa erguer-se em mim, quando me acerco…

Antes calar o verso! Antes morrer!
Grita o poema, mesmo antes de o ser,
Empunhando as palavras com que o escrevo...

Antes deixar, meus versos, de vos ver
Do que viver da esmola de escrever
Soneto que não pague o que vos devo…



Maria João Brito de Sousa – 18.06.2012 -22.29h

sábado, 16 de junho de 2012

SONETO MAIS OU MENOS DISTORCIDO









Como escrevo um soneto distorcido,
Sem eixo com que possa defini-lo,
Sem forma com que possa distingui-lo
Da prosa mais jocosa ou sem sentido?

Discorro sem que tenha prevenido
O formato, a razão… é só senti-lo
E vêm de enxurrada, ousando um estilo,
Os versos que lhe servem de vestido!

Mas se o corpo me pede algum descanso,
Se a mente me vagueia no remanso
Que o cansaço geral me vai trazendo,

Nem versos, nem canções, nem mesmo ideias…
Só este mar, correndo-me nas veias,
Responde às tais questões que nunca entendo…



Maria João Brito de Sousa – 11.06.2012 – 17.11h


Fotografia de Carlos Ricardo