sexta-feira, 29 de abril de 2011
PERFIL DE MULHER
Percorro o mesmo caminho
Que um outro humano qualquer
[meu céu tem forma de ninho
como um ventre de mulher…]
Quando o dia se aproxima
Ergo, à luz do que farei,
Um templo à estranha menina
Que fui, que sempre serei…
Canto as horas e os minutos
Em palavras que improviso
Como se fossem os frutos
Com que alimento o meu riso,
Salto na corda dos dias
E, ao saltar, fico parada
Rememorando arrelias
De quem nunca arriscou nada
Nuns dias, de barro humano,
Noutros, feita de papel,
Fiz nascer asas de pano
No dorso do meu corcel
Quis então soltá-lo ao vento
Mas ele nem tentou partir…
Deu-me em troca algum talento
Que ninguém queria assumir…
Mais tarde, quando ele morreu,
Peguei nas asas, voei,
Fui levar quanto era seu
Ao céu que eu nunca encontrei
Procurei com mais jeitinho
E acabei por perceber
Que o céu cabia, inteirinho,
Neste perfil de mulher…
Maria João Brito de Sousa – 27.04.2011 – 18.21h
quinta-feira, 7 de abril de 2011
EXACTAMENTE COMO AS AVES...
Só aves, saltitando nas ramadas
Dos arbustos, em torno das palmeiras,
Me falarão das coisas derradeiras
Por dentro das palavras desgastadas
Só essas escutarei quando, escusadas,
Me impuserem palavras altaneiras,
Que eu tentarei esquecer-me das canseiras
Das horas que nem foram convidadas…
E agora, que reparo no que digo,
À hora em que os pardais se vão deitar
E o céu se vai vestindo de outra cor,
Cada rima, a voar, vem ter comigo,
Já preparada para pernoitar,
Como faz qualquer pisco ou beija-flor…
Maria João Brito de Sousa
quarta-feira, 6 de abril de 2011
MUSA
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Ó Musa de luar e de alfazema,
De sândalo, nos dias de chorar,
De sol, nas minhas veias de poema
E em cada novo verso que eu criar
Cada ave que lá vem, em cada pena,
Traz as velhas canções de me embalar
E a tarde, mesmo agreste, emerge amena
Das mil penas dos versos que eu cantar
Criar por te sentir aqui, tão perto,
Por dentro de quem sou, ter descoberto,
Contigo, o meu sentido para a vida,
É, abraçando um novo rumo incerto,
Criar raiz no tempo em que desperto
E renovar-me, embora desmentida
Maria João Brito de Sousa – 03.04.2011 – 12.20
Ó Musa de luar e de alfazema,
De sândalo, nos dias de chorar,
De sol, nas minhas veias de poema
E em cada novo verso que eu criar
Cada ave que lá vem, em cada pena,
Traz as velhas canções de me embalar
E a tarde, mesmo agreste, emerge amena
Das mil penas dos versos que eu cantar
Criar por te sentir aqui, tão perto,
Por dentro de quem sou, ter descoberto,
Contigo, o meu sentido para a vida,
É, abraçando um novo rumo incerto,
Criar raiz no tempo em que desperto
E renovar-me, embora desmentida
Maria João Brito de Sousa – 03.04.2011 – 12.20
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