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quarta-feira, 29 de maio de 2013

SONETO A UMA QUALQUER LONGA VIAGEM



(Em verso eneassilábico)

Tenho mãos, tenho pés, tenho braços
Que ergo rumo às fronteiras da vida,
Que caminham, negando cansaços,
Nesta estrada de terra batida…

Passa o tempo e devolve-me aos traços
As memórias da estrada vencida
Na cadência sonora dos passos
Pelos becos que o são sem saída…

Tanto beco e ruela já vi,
Tanta curva já fiz, sem parar,
Que, hoje, posso afirmar que é aqui,

Nas lonjuras que já percorri,
Que estes passos irão conquistar
A batalha de “eu ser” quem escolhi…



Maria João Brito de Sousa – 09.05.2013– 17.22h

quarta-feira, 15 de maio de 2013

SEI DE UM TEMPO...


(Soneto em verso eneassilábico)





Sei de um tempo em que as horas sorriam

Transmutando os seus ramos caídos

Pelo peso das flores que nasciam

Das sementes dos cinco sentidos



No reflexo da cor que exibiam

E, ao torná-los em rifles floridos,

Nesse apelo que as flores emitiam,

Davam fruto entre os seres já nascidos…



Sei de um tempo que um dia acordou

De uma noite de medo e cantou

Como as aves que lavram caminhos



No mesmíssimo tempo em que “eu sou”

Neste pouco de Abril que sobrou

Da voragem de uns seres mais mesquinhos…


Maria João Brito de Sousa – 06.05.2013 – 11.24h

NOTA – Revoltemo-nos, porra!

quarta-feira, 8 de maio de 2013

SONETO INESPERADO


(Em verso eneassilábico)


Ai, Soneto esquecido, que voltas,
Que te alheias das dores que me minam
Que te acendes nas loucas revoltas
Que nem deuses, nem mestres te ensinam,

Que enlaçado nas pontas mais soltas,
Desdobrado em gorjeios que trinam,
Enfrentaste, sem medo e sem escoltas,
Mil temores dos que em vão se aproximam!

Ai, Soneto que eu nunca esperei,
Que não sonho e nem sei bem se sei
Se me nasces do espanto das horas,

Mas dissolves, num mel que olvidei
Nos momentos da dor que calei,
Quanta dor se me exalta em demoras…


Maria João Brito de Sousa – 04.05.2013 – 16.26h


Imagem - Desenho de Álvaro Cunhal (Série "Desenhos da Prisão")