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terça-feira, 11 de junho de 2013

VIVER ATÉ AO FIM


(Soneto em decassílabo heróico)

Mal se te apague esse último imbondeiro
Em horizonte incerto, agonizando,
Entenderás que a morte foi tomando
Tudo o que a vida te ofereceu primeiro

Sem que te concedesse um só roteiro,
Sinopse ou mera guia de comando
Do tempo incerto que em te foi gastando
Sem dar-te contas de um tal cativeiro…

Só sabes que há-de vir, que a todos calha
A hora de, envergando uma mortalha,
Voltar ao barro cru que tanto amaste

Mas, por cada segundo em que ela falha,
Aproveita! Inda é vida a mão que espalha
Sementes sobre um chão que antes lavraste…


Maria João Brito de Sousa – 09.06.2013- 15.18h




IMAGEM . "Essência" - Maria João Brito de Sousa, 1999

quinta-feira, 6 de junho de 2013

SONETO A UMA OUTRA EMBRIAGUÊS





(Soneto em decassílabo heróico)


Devo dizer-vos ter julgado certo
O fim dos dias do meu “sonetar”
Que a cada instante vinha concertar
Meu muito humano e lábil desconcerto…

Hoje, porém, sem um motivo, incerto,
Sem sonho que o fizesse anunciar,
Nasce-me este, ébrio, quase a galopar
Sobre as tristezas que sentiu por perto

E, nesta força que nem eu lhe entendo,
Fez-se palavra, verso… e, num crescendo,
Impôs-se, a cores, ao cinza do costume

Assim que letra a letra foi estendendo
A melodia que, em mim não cabendo,
Jorrou qual água mas queimou qual lume…


Maria João Brito de Sousa - 29.04.2013 



IMAGEM - Três Mulheres na Fonte - Pablo Picasso, 1921