VISLUMBRES


View My Stats

sábado, 31 de agosto de 2013

PLACEBO



(Soneto em decassílabo heróico)


Morto o tempo do tempo de lutar
Se o gesto se me esgota em vãs rotinas,
Sobram-me horas amargas, pequeninas,
Que me impõem vagar sobre vagar

Teimando, muito embora, em não parar,
Se, a cada passo, enfrento guilhotinas,
Às noites torturadas por espertinas,
Seguem-se os dias em que “estou sem estar”

Porque um estranho cansaço vertical
Me vence, toma a rédea e rouba o sal
Das horas de criar seja o que for

Pr´a me lançar, vendada, ao lodaçal
Onde insisto em escrever - mas faço mal! –
Uns versos sem coragem nem valor…


 Maria João Brito de Sousa – 30.08.2013 – 13.41h

IMAGEM - Cat - Franz Marc, 1880 - 1916

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

SONETO À CONFIRMAÇÃO DE UM DIREITO



Ao martelo. À foice. Àquilo que simbolizam.

(Em decassílabo heróico, na oralidade – El(e)El(a))


El(e) trazia na mão, cobrindo um sonho,
O cabo de um martelo… e martelava,
El(a), um arco incompleto que ceifava
Tão habilmente quanto em verso o exponho

Exploração gera dor mas, se o suponho,
Bem mais forte era a dor que se apossava
Dos que da construção, da espiga ou fava,
Cobravam tão-somente um pão tristonho

Justo é nunca esquecer quanto devemos,
Do tanto que nos tiram, mas mantemos,
Àqueles que com a vida conquistaram

O direito ao tal pão que já mal vemos
Mas pelo qual sei bem que lutaremos
Como esses que tão caro o pão pagaram!  




Maria João Brito de Sousa – 07.08.2013 – 17.19h