quinta-feira, 29 de setembro de 2011
PASSATEMPO "LEMBRANDO O ALENTEJO", no Facebook
ALENTEJO
Alentejo das gentes castigadas,
Dos sobreiros reinando nas planuras
E das vozes dolentes, bem timbradas,
Que falam de alegrias, de amarguras…
Alentejo das searas espraiadas
Pl`o trigo inacabável das lonjuras,
Das casas pequeninas, bem caiadas,
Onde, à lareira, o povo queima agruras
Onde a gente se senta nos poiais
E esse pouco parece muito mais
Que o melhor que o mundo possa dar;
Vontade unida em vozes tão plurais
Faz-nos saber que não será demais
O que homens e mulheres não vão calar
Maria João Brito de Sousa – 04.09.2011 – 15.37h
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
O OUTRO LADO DO POEMA
Foi do outro lado do poema
que te falei do tapete puído das metáforas
e das mãos crispadas sobre o segredo das horas
estava lá tudo isso
e ainda o que nem eu poderia decifrar.
foste tu quem o não soube ver…
resmungas?
que culpa tenho eu se a inércia te prendeu
aos floreados da capa de papel de seda,
à estampa introdutória,
à tampa do baú dos sustos insuspeitos?
que culpa tenho
se por aqui ficaste embevecido, cego, enfeitiçado?
como se a magia da forma
desistisse ali mesmo,
onde termina a aparência do poema
e onde se determina que o poema é aparência!
os poemas, incauto,
redefinem os corpos a cada por do sol
e saúdam o luar dispersos em mil faces,
mil arestas, mil vértices como punhais
que às vezes arredondam
para não ferir a lua
pois só a ela pouparão o impacto perfurante
das verdades mais cruas e vorazes
isso deverias sabê-lo tu,
não eu que nada conheço da geometria do desejo
para além da elevação do sonho
ao cubo de si mesmo
e penso vir a morrer de uma anunciada indigestão
de puríssima ignorância
mas teria sido exactamente aí,
na face que te recusaste a ler
e das profundezas que não soubeste adivinhar,
que ele te teria falado até que não pudesses suportá-lo
e o reduzisses à forma inicial
caso ele se apiedasse da tua comoção
teria sido aí
que ele te mostraria
a inevitabilidade das coisas transmutadas
pelos olhos do leitor
até ao infinitamente absurdo
que é e será sempre
a causa primeira de todos os impensáveis gestos de um poema
agora,
agora sei lá quantas luas se passaram,
quantas arestas se multiplicaram,
quantos vértices se não arredondaram
e quantos olhos, que não teus,
o espalharam por aí, em estilhaços,
na órbita irregular de todos os acasos
e tu, incauto,
ainda não compreendeste
que um poema é um poço sem fundo,
um abismo aberto sob a vertigem dos sentidos,
uma montanha invertida por escalar
e uma faca apontada ao coração do conformismo?
Maria João Brito de Sousa – 15.09.2011 – 04.42h
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
AMIZADE
A amizade não morre facilmente!
Talvez não morra nunca e permaneça
Num canteiro qualquer escavado à pressa
Pelas mãos incansáveis da semente…
Talvez o vento passe e não lamente,
Talvez a terra inteira até a esqueça…
Mas, dela, sobrará uma promessa
Que a torna intemporal e transcendente
Se ela existiu, então não terá fim
Pois ficará latente no jardim
Onde alguém a plantou em tempos idos
E se alguém me disser: – Não é assim!
Responderei: - Não falo só por mim…
Falo por quantos não serão esquecidos!
Maria João Brito de Sousa – 13.09.2011 – 16.00h
Subscrever:
Mensagens (Atom)