
Lembras-te dos caboclos, já cansados,
Enchendo a escadaria de queixumes?
Dos carregos dos móveis, mal atados,
De arestas afiadas como gumes?
E lembras-te de mim que, aos castigados,
Enchia de perdões, dando perfumes?
A pena que eu senti dos desgraçados
A quem tu foste impondo os teus costumes…
Lembras-te do escritório, dos teus quadros,
Da enorme cozinha onde as mulatas
Preparavam segredos culinários
E cantavam baixinho aos seus amados?
Lembras-te do brilhar das velhas pratas
Por cima da janela e dos armários?
Maria João Brito de Sousa