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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

CAPITALISMO - Soneto de Onze Sílabas Métricas

Sobram-lhe as migalhas dessoutra fartura
Que o sistema cria, que o cinismo inventa,
Do pouco que fia mas que o não sustenta
Porque se alimenta só de “dita”… e “dura”

Sobejam-lhe as rendas da falsa candura
Que, qual maré alta, num crescendo, aumenta
Pr`adornar uns quantos, porque a “plebe” aguenta
Tais desequilíbrios desta arquitectura…

Se contra mim falo porque uma injustiça
Tudo o que não calo foi trazendo à liça
Quando nada faço, tão pouco produzo

E levanto o punho como se o fizesse…
Mais saudável fora, mais força eu tivesse,
Mais protestaria contra aqueles que acuso!




Maria João Brito de Sousa – 02.08.2012 – 15.58h



IMAGEM -  Blind Man`s Meal - Pablo Picasso, 1903



 NOTA DA AUTORA -


Este soneto tem um erro métrico. O último verso "Mais protestaria contra aqueles que acuso!" tem doze e não onze sílabas poéticas. Deixo-o tal como está pois, na leitura, o erro é imperceptível e até contribui para a unidade melódica do poema, mas NÃO está  correcto

9 comentários:

Nilson Barcelli disse...

Brilhante.
Os meus parabéns, querida amiga.
Beijo.

Maria João Brito de Sousa disse...

Obrigada, Nilson!
Abraço grande!

rosa-branca disse...

Maravilhoso soneto que aplaudo de pé. Beijos com carinho

Rogério G.V. Pereira disse...

Ignorei a nota

Ao ler (tudo que leio)
Quase sempre
Tenho presente
Palavras de Chico Buarque:
Escrevo o que escrevo
Prosa ou verso
E a coisa só carece emenda
se ao ler não soar
como ouvindo alguém a cantar

Teu soneto se canta
Li-o em voz alta

Maria João Brito de Sousa disse...

:D Muito obrigada, Rogério! Foi exactamente pela musicalidade que eu deixei lá ficar o erro métrico!

Abraço grande!

Maria João Brito de Sousa disse...

Obrigada, Rosa Branca! Beijinho! :D

Maria João Brito de Sousa disse...

:) Muito obrigada, Puma! Abraço!

O Profeta disse...

Saberás que há pedras brancas na ilha
Que a raiva é cegueira à maravilha
O mar às vezes se veste de maresia
Que um amor no amar confia?

Saberás que às vezes escondo o coração à crueldade do mundo
Que o que outrora desejava agora receio
Que a minha desesperada mente combate a tua
Que a ternura às vezes morre ao meio da rua
Boa semana

Doce beijo

Maria João Brito de Sousa disse...

Muito obrigada, Profeta, por ter trazido um pouco da sua poesia até ao meu Pequenas Utopias.

Um abraço!