(Soneto “de coda” em decassílabo heróico)
Conserto o desconcerto, acerto o passo,
Pinto, esculpindo o verso que me ocorre…
As coisas que aqui faço, ou que não faço,
Transcendem sempre a carne que me cobre…
Mas, se à própria razão retiro o braço
Se o gesto me preguiça, a mão não corre,
Se, já rendida á dor, verga ao cansaço,
Perco o rumo à razão que me socorre…
Que me não faltes, mão dos gestos leves,
Que esculpes, que constróis, que remodelas,
Que, sem hesitações, aqui te atreves
A dissecar miséria e coisas belas
E a arder nos mil pavios do que não deves!
… porque há quem vá negar-te a luz das velas,
Quem queira dar-te fama e voz, tão breves
Que ocultem o sentido ao barro, às telas,
Para honrar com néon quanto nem escreves…
Maria João Brito de Sousa – 09.02.2014 – 17.07h
Imagem - "Genesis" - Jacob Epstein
6 comentários:
arder em mil pavios - e não perder o sentido do barro.
(assim os grandes Poetas - desvendando os caminhos.)
belíssimo.
beijo
Beijinho agradecido, Heretico!
O verso que te ocorre é sempre belo.
Cada soneto teu é sempre melhor que o outro. És uma poeta de grande talento.
Maria João, tem um bom domingo e uma boa semana. E um bom Carnaval.
Beijos.
:) Obrigada, Nilson!
Um grande abraço!
Mais um belo poema
a rasgar caminhos
Obrigada, Puma!
Vou até aí deixar o meu abraço!
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