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sexta-feira, 15 de março de 2013

"IRONIC"




(Decassílabo heróico)

No substracto inorgânico e espontâneo
Do voo das palavras que não escrevo,
Desvendo muito mais do que o que devo,
Discirno original de sucedâneo,

Pressinto a mutação, "toco" o genoma
Da vida que em mim pulsa ardentemente,
Deponho a frustração nas mãos da mente
E quase me separo do meu "soma"...

(...)

Não fora - enorme! -  o fluxo migratório
A fazer-me lembrar o rumo inglório
Do povo castigado a que pertenço

Talvez eu acabasse acreditando
Que uns versos que não vejo, nem comando,
Fossem fruto daquilo em que nem penso...



Maria João Brito de Sousa - 08.03.2013 - 19.00h

IMAGEM - "Os Retirantes", Portinari

10 comentários:

São disse...

Gostei de verdade.

Gaspar falou mais uma vez e o céu ficou ainda mais escuro.

Bom serão

Maria João Brito de Sousa disse...

Obrigada por ter gostado, São!

Os discursos do Gaspar chegam a ser sinistros, amiga! Beijo!

ONG ALERTA disse...

Forte....
Beijo Lisette.

AC disse...

É verdade que não nos podemos dissociar de onde pertencemos - o poeta tem esse dever - mas também não podemos olvidar "aquele" rumo que é indistinto, que é só nosso.
As palavras, por aqui, são sempre trabalhadas com arte.

Beijo :)

Maria João Brito de Sousa disse...

Claro, AC! Tenho a certeza de ser um exemplo dessas duas premissas no trabalho que tenho desenvolvido ao longo de mais de cinco anos.

Obrigada e um beijo!

Maria João Brito de Sousa disse...

Obrigada, Lisette! Beijo!

Manuel Veiga disse...

belos esses versos "que não vejo"...

andam por aí certamente - talvez estender a mão e colhê-los, quem sabe...

gostei. deveras

beijos

Maria João Brito de Sousa disse...

É praticamente isso que faço, Heretico... mas não é tão simples quanto possa parecer! Às vezes "desunho-me" toda a tentar explicá-lo através do soneto...há uma "infinitude" de variáveis a ter em conta... só quando todas elas "convergem" num determinado momento, surge um poema daqueles que me dão a sensação de "valer o ar que respiro", rsrsrsrs... e rio-me, mas o que disse não é nenhuma mentira... apenas sei que não é muito fácil de entender. E sei também que há que trabalhar muito e muito a sério quando se faz soneto durante... penso que já lá vão uns seis anos de trabalho quase diário, quase ininterrupto... acho que é este o meu "barro" porque já não tenho forma de trabalhar outro barro mais palpável...

Obrigada e um abraço!

Mar Arável disse...

Estaremos sempre

onde estiver o snho

de corpo inteiro

Bj

Maria João Brito de Sousa disse...

De acordo, Mar Arável!
Estaremos sempre onde estiver o sonho!

Abraço!