(Decassílabo heróico)
No substracto inorgânico e espontâneo
Do voo das palavras que não escrevo,
Desvendo muito mais do que o que devo,
Discirno original de sucedâneo,
Pressinto a mutação, "toco" o genoma
Da vida que em mim pulsa ardentemente,
Deponho a frustração nas mãos da mente
E quase me separo do meu "soma"...
(...)
Não fora - enorme! - o fluxo migratório
A fazer-me lembrar o rumo inglório
Do povo castigado a que pertenço
Talvez eu acabasse acreditando
Que uns versos que não vejo, nem comando,
Fossem fruto daquilo em que nem penso...
Maria João Brito de Sousa - 08.03.2013 - 19.00h
IMAGEM - "Os Retirantes", Portinari
10 comentários:
Gostei de verdade.
Gaspar falou mais uma vez e o céu ficou ainda mais escuro.
Bom serão
Obrigada por ter gostado, São!
Os discursos do Gaspar chegam a ser sinistros, amiga! Beijo!
Forte....
Beijo Lisette.
É verdade que não nos podemos dissociar de onde pertencemos - o poeta tem esse dever - mas também não podemos olvidar "aquele" rumo que é indistinto, que é só nosso.
As palavras, por aqui, são sempre trabalhadas com arte.
Beijo :)
Claro, AC! Tenho a certeza de ser um exemplo dessas duas premissas no trabalho que tenho desenvolvido ao longo de mais de cinco anos.
Obrigada e um beijo!
Obrigada, Lisette! Beijo!
belos esses versos "que não vejo"...
andam por aí certamente - talvez estender a mão e colhê-los, quem sabe...
gostei. deveras
beijos
É praticamente isso que faço, Heretico... mas não é tão simples quanto possa parecer! Às vezes "desunho-me" toda a tentar explicá-lo através do soneto...há uma "infinitude" de variáveis a ter em conta... só quando todas elas "convergem" num determinado momento, surge um poema daqueles que me dão a sensação de "valer o ar que respiro", rsrsrsrs... e rio-me, mas o que disse não é nenhuma mentira... apenas sei que não é muito fácil de entender. E sei também que há que trabalhar muito e muito a sério quando se faz soneto durante... penso que já lá vão uns seis anos de trabalho quase diário, quase ininterrupto... acho que é este o meu "barro" porque já não tenho forma de trabalhar outro barro mais palpável...
Obrigada e um abraço!
Estaremos sempre
onde estiver o snho
de corpo inteiro
Bj
De acordo, Mar Arável!
Estaremos sempre onde estiver o sonho!
Abraço!
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